quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tarja Preta

As páginas em branco do caderno ao lado da cama trazem uma falsa sensação de que a mocinha não guarda mais sentimentos (ressentimentos é a melhor definição)em seu coraçãozinho.Ela ouve Damien Rice sem derramar uma única lagrima.lisa Hannigan já não causa mais aperto no peito e ela já não se serve de uma taça de vinho barato de supermercado para engolir os doze comprimidos de APRAX ao ouvir os primeiros acordes de rockferry

A luz da sala de estar não precisa mais permanecer acesa para aliviar o medo dos fantasmas do passado que de vez em quando assombravam sua alma de dependente(dele), e também estão dentro do armário o trench coat que ela jogava em cima da camisolinha fina de seda para cobrir um pouco de pele antes de afanar as chaves do fox preto e gastar meio tanque de combustível com seus passeios noturnos a lugar nenhum,mera desculpa para calçar as botas pretas de cano longo e salto doze e dirigir sem rumo .

As olheiras já não pedem tanto corretivo, o corpo volta a ganhar formas voluptosas e perigosas, maçãs vermelhas e olhos cor de mar esboçam um sorriso ao se lembrar de quando se achou bela ao mirar-se no espelho num dessas manhãs, mas as unhas...Essas continuam sendo torturadas pelos dentinhos brancos.as unhas nunca deixarão de ser roídas.não as dela...Nunca.

Ledo engano.

Após guardar as chaves do fox, passar pela adega, olhar com desdém a caixa de APRAX, escutar Damien, Lisa e Duffy com tal altivez, que César o rei romano a invejaria,eis que surge uma foto do passado.Ela emudece no quarto silencioso mantendo - se fria diante da imagem do passado, tentando manter a mente vazia em vão ao olhar aquela que vale mais de mil palavras.Tenta ficar em pé enquanto gravidade puxa seu coração de volta ao inferno.

E ela desmorona.

De volta ao vinho com APRAX...Ainda tem vodka no bar...Ainda bem